para se ler ouvindo: frosti – björk.
eu tinha nas mãos o encarte de um dos discos da banda preferida dela. uma só foto dobrada ao meio eram capa&contra-capa. o fundo preto e uma estrutura metálica em destaque. prata ou dourada talvez branca ou da cor para a qual ainda não fiz um nome. não tenho certeza. encarei por alguns segundos querendo saber o que era sem a pretensão de perguntar – ela ia dizer sem que eu o fizesse.
-é uma caixinha de música. – como eu previ, ela se entrega. – por dentro, sabe?
-não. nunca tive uma.- soaria pateticamente dramático se fossem outros ouvidos que não os dela, mas eram e não me detive em (me) explicar.
-é o que a faz funcionar. na verdade é bem pequeno, assim ó. – e mostrou com os dedos um protótipo imaginário que caberia na palma da minha mão. – esse rolinho fica girando, os pontinhos escuros são em alto-relevo. as fitinhas de metal fazem as notas, e quando os pontinhos passam, elas levantam, batem e aí faz soar o som.
continuei olhando a foto enquanto a voz dela se derretia nos meus ouvidos, derramando-se em mim. ela apontava os detalhes sem alcançar o papel, mais que debruçada nas laterais da cama. mantive minha atenção acorrentada a tudo que ela dizia, mas já não tenho certeza se foi bem isso. me flagrei absorta nas fitinhas de metal que batiam dentro dela, soando notas que banhavam meus olhos. sim, os olhos. e os senti muito, muito quentes. te injeto em mim ao som de uma pequena caixinha de música, meu amor, mas a velocidade com que tu corre por minhas veias é digna da nona sinfonia de beethoven.
eu tinha nas mãos o encarte de um dos discos da banda preferida dela. uma só foto dobrada ao meio eram capa&contra-capa. o fundo preto e uma estrutura metálica em destaque. prata ou dourada talvez branca ou da cor para a qual ainda não fiz um nome. não tenho certeza. encarei por alguns segundos querendo saber o que era sem a pretensão de perguntar – ela ia dizer sem que eu o fizesse.
-é uma caixinha de música. – como eu previ, ela se entrega. – por dentro, sabe?
-não. nunca tive uma.- soaria pateticamente dramático se fossem outros ouvidos que não os dela, mas eram e não me detive em (me) explicar.
-é o que a faz funcionar. na verdade é bem pequeno, assim ó. – e mostrou com os dedos um protótipo imaginário que caberia na palma da minha mão. – esse rolinho fica girando, os pontinhos escuros são em alto-relevo. as fitinhas de metal fazem as notas, e quando os pontinhos passam, elas levantam, batem e aí faz soar o som.
continuei olhando a foto enquanto a voz dela se derretia nos meus ouvidos, derramando-se em mim. ela apontava os detalhes sem alcançar o papel, mais que debruçada nas laterais da cama. mantive minha atenção acorrentada a tudo que ela dizia, mas já não tenho certeza se foi bem isso. me flagrei absorta nas fitinhas de metal que batiam dentro dela, soando notas que banhavam meus olhos. sim, os olhos. e os senti muito, muito quentes. te injeto em mim ao som de uma pequena caixinha de música, meu amor, mas a velocidade com que tu corre por minhas veias é digna da nona sinfonia de beethoven.